Saiba mais sobre essa praga, formas de manejo e o uso de drones para um manejo mais eficiente da praga
O bicho mineiro (Leucoptera coffeella) é uma das principais pragas do cafeeiro, causando danos à s folhas e reduzindo a produtividade e a qualidade dos grãos. Neste artigo, vamos abordar as caracterÃsticas, o ciclo de vida e as estratégias de manejo dessa praga, com foco no café conilon, que é cultivado em diversas regiões do paÃs.
Os danos causados pelo bicho mineiro podem ser evitados, desde que se realize boas práticas agrÃcolas. Discutiremos mais a seguir.
CaracterÃsticas e ciclo de vida do bicho mineiro
O bicho mineiro é uma pequena mariposa branca, com cerca de 2 mm de comprimento, que pertence à famÃlia Lyonetiidae. A praga tem origem africana e foi introduzida no Brasil no século XIX, sendo atualmente encontrada em todas as regiões produtoras de café do paÃs.
O dano ao cafeeiro é causado pela larva do bicho mineiro, que se alimenta do mesofilo das folhas, formando galerias ou minas que comprometem a capacidade fotossintética e a integridade estrutural das folhas. As folhas atacadas ficam amareladas, secas e podem cair prematuramente, afetando o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta.
O ciclo de vida do bicho mineiro é influenciado pela temperatura e pela umidade. Em condições favoráveis, o ciclo pode durar cerca de 22 dias, passando pelas fases de ovo, larva (quatro instares), pupa e adulto. Os ovos são depositados na face inferior das folhas, preferencialmente nas mais jovens. As larvas eclodem em dois ou três dias e iniciam a mineração das folhas. A pupação ocorre dentro da mina ou na superfÃcie da folha. Os adultos vivem por cerca de dois dias e acasalam logo após emergirem.
Representação do ciclo evolutivo do bicho-mineiro das folhas do cafeeiro - Revista Cultivar
Estratégias de manejo do bicho mineiro
O manejo integrado de pragas (MIP) é a abordagem mais recomendada para o controle do bicho mineiro, pois visa reduzir os danos causados pela praga sem comprometer o equilÃbrio ambiental e a saúde humana. O MIP envolve o uso combinado de diferentes métodos de controle, como cultural, genético, biológico e quÃmico.
Controle cultural
O controle cultural consiste na adoção de práticas agronômicas que visam reduzir a população ou a infestação da praga. Algumas dessas práticas são:
Realizar o monitoramento periódico da lavoura para detectar a presença e o nÃvel de infestação da praga;
Eliminar as plantas invasoras que podem servir de hospedeiras alternativas para o bicho mineiro;
Realizar podas adequadas para favorecer a aeração e a iluminação das plantas;
Evitar o excesso de adubação nitrogenada, que pode estimular o crescimento vegetativo e aumentar a suscetibilidade das plantas;
Realizar rotação ou consórcio com outras culturas que não sejam hospedeiras da praga.
Controle genético
O controle genético consiste no uso de variedades de café resistentes ou tolerantes ao bicho mineiro. Essas variedades apresentam mecanismos que dificultam ou impedem o ataque da praga, como pelos, ceras ou substâncias quÃmicas nas folhas. Algumas variedades de café conilon que apresentam resistência ao bicho mineiro são: Apoatã IAC 2258, Emcapa 8111 (Vitória Incaper 14), Emcapa 8121 (Vitória Incaper 15) e Emcapa 8131 (Vitória Incaper 16)
Controle biológico
O controle biológico consiste no uso de organismos vivos que atuam como inimigos naturais da praga, reduzindo sua população ou sua capacidade reprodutiva. O bicho mineiro possui diversos inimigos naturais, como parasitoides (vespas e moscas que parasitam os ovos ou as larvas), predadores (insetos que se alimentam dos ovos, larvas ou adultos) e patógenos (fungos, bactérias ou vÃrus que causam doenças na praga).
O controle biológico pode ser realizado de forma natural, conservando e favorecendo os inimigos naturais presentes na lavoura, ou de forma aplicada, introduzindo ou liberando os inimigos naturais na área infestada.
Alguns exemplos de inimigos naturais que podem ser utilizados no controle biológico do bicho mineiro são:
O parasitoide Cirrospilus neotropicus (Hymenoptera: Eulophidae), que parasita os ovos do bicho mineiro;
O predador Chrysoperla externa (Neuroptera: Chrysopidae), que se alimenta dos ovos e das larvas do bicho mineiro;
O fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, que infecta e mata as larvas e os adultos do bicho mineiro.
Controle quÃmico
O controle quÃmico consiste na aplicação de inseticidas para matar ou repelir a praga. O controle quÃmico deve ser utilizado como último recurso, quando os demais métodos não forem suficientes para manter a praga abaixo do nÃvel de dano econômico. O nÃvel de dano econômico é a quantidade de folhas minadas que causa perda na produtividade.
O controle quÃmico deve ser realizado com base em critérios técnicos, como:
Escolher o inseticida mais adequado para o alvo, levando em conta sua eficiência, seletividade, toxicidade e custo;
Respeitar a dose, o volume, o intervalo e o perÃodo de carência recomendados pelo fabricante;
Alternar ou misturar inseticidas com diferentes modos de ação, para evitar a resistência da praga;
Aplicar o inseticida no momento mais oportuno, considerando o estágio de desenvolvimento da praga e as condições climáticas;
Utilizar equipamentos e técnicas de aplicação adequados, para garantir a cobertura e a penetração do produto nas folhas.
Alguns exemplos de inseticidas que podem ser utilizados no controle quÃmico do bicho mineiro são:
Inseticidas sistêmicos, como tiametoxam e imidacloprido, que podem ser aplicados via solo ou via foliar;
Inseticidas de contato, como abamectina e espinosade, que podem ser aplicados via foliar;
Inseticidas botânicos, como nim e piretro, que podem ser aplicados via foliar.
Os drones como ferramenta ideal para a pulverização e controle do bicho mineiro
A pulverização com drones está se tornando uma ferramenta importante para o manejo do bicho mineiro, pois permite aplicar produtos especÃficos para o controle dessa praga nas folhas do cafeeiro, onde ela se alimenta e se desenvolve.
A pulverização com drones pode facilitar a aplicação dos produtos nas lavouras de café, pois permite uma distribuição mais homogênea e precisa nas folhas do cafeeiro, aumentando a eficácia do controle. Além disso, a pulverização com drones pode reduzir os custos operacionais e ambientais do manejo do bicho mineiro, pois diminui a quantidade de produto aplicado e evita a contaminação do solo e da água.
Conclusão
O bicho mineiro é uma praga que causa sérios prejuÃzos à cultura do café conilon, afetando a produtividade e a qualidade dos grãos. O manejo integrado de pragas é a melhor forma de controlar essa praga, combinando diferentes métodos de controle, como cultural, genético, biológico e quÃmico. O controle quÃmico deve ser utilizado com critério e responsabilidade, seguindo as recomendações técnicas e respeitando o meio ambiente e a saúde humana. A adoção de pulverizações aéreas com drones trazem benefÃcios ao produtor e ao meio ambiente pois reduz o uso de produtos quÃmicos, água e exposição do aplicador.
Referências
ALMEIDA, J. D. de et al. Bicho mineiro (Leucoptera coffeella): uma revisão sobre o inseto e perspectivas para o manejo da praga. BrasÃlia: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2020. DisponÃvel em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1128859/bicho-mineiro-leucoptera-coffeella-uma-revisao-sobre-o-inseto-e-perspectivas-para-o-manejo-da-praga. Acesso em: 21 out. 2023.
DANTAS, R. S. et al. Bicho mineiro (Leucoptera coffeela): 6 modos de controle. AgroAdvance, 2021. DisponÃvel em: https://agroadvance.com.br/blog-bicho-mineiro-do-cafe-leucoptera-coffeella/. Acesso em: 21 out. 2023.
Portal Agrolink. Bicho mineiro (Leucoptera coffeella). DisponÃvel em: https://www.agrolink.com.br/problemas/bicho-mineiro_471.html. Acesso em: 21 out. 2023.